Provincianismo moral
Quando se fala em pos-modernidade, por vezes pergunto-me se não é só um sinónimo de um afundamento generalizado num provincianismo moral, que chega até ao pessoal jovem e (supostamente) pensante.
Título relativo à frequência e intenções da postagem; Somos uns amadores.
"One more thing before I go
One more thing I'll ask you Lord
You may need a murderer
Someone to do your dirty work
Don't act so innocent
I've seen you pound your fist into the earth
And I've read your books
It seems that you could use another fool
Well I'm cruel
And I look right through
You must have more important things to do
So if you need a murderer
Someone to do your dirty work"
Vou tentar tirar um pouco o pó do coiso. A ver se o coiso rola qualquer coisita, enferrujada e rusticamente, claro.
Valorizamos demasiado a vida, mas não a valorizamos assim tanto. Se houver reféns, faremos tudo para resgatar os cativos, mas não há grande interesse no trajecto que levou até ao assalto. A resolução instantânea cai mais no goto do que uma encarnação contínua da resolução. Aquece mais o sangue, apela ao coração, cria sentimentos bonitos.
Eu que sou um cristão que tem dores quando se fala na intervenção de Deus, e que acredito que Deus intervém na história em geral e na vida das pessoas em particular de duas formas que na verdade serão só uma, tenho dores mais agudas que o sangue cristão se aquece muito mais com o fulgor do momento. E enquanto só houver calor com convertidos abruptos, salvos da droga, do álcool ou da abundância sexual, afirmo que o vosso deus é mais pequeno do que aquele que opera ao longo de vidas inteiras. O testemunho dos certinhos merecia outras temperaturas. E enquanto os certinhos só receberem frio, é bem provável que eles deixem de o ser em breve.
Uma vida que Deus recuperou em SWAT mode é tão importante como uma vida ganha ao longo de uma vida de negociações, desculpem-me a trivialidade.
“Seus próprios filhos podem devem ser transformados mediante suas orações. Ore durante o dia com a participação deles; ore por eles à noite enquanto dormem. Um bom método é entrar no quarto e colocar levemente as mãos sobre a criança adormecida. Imagine a luz de Cristo fluindo através de suas mãos e curando cada trauma emocional e mágoa que seu filho sofreu nesse dia. Encha-o da paz e da alegria do Senhor. No sono, a criança é muito receptiva à oração, visto que a mente consciente, que tende a levantar barreiras à suave influência de Deus, está descontraída.”
Celebração da Disciplina, Richard Foster, 1978, página 59
Sem ter visto o Religulous, sei de antemão que este vídeo é a minha opinião sobre o dito filme. O que se aplica a George Bush, aplica-se à religião. Os estúpidos que se riem com estas coisas costumam ser os mesmos.
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A coisa começa a afigurar-se-me de uma forma extremamente simples. Eu sou um homem, humano, e sou cristão. Acredito na Queda. O meu ser encontra-se corrompido. O meu corpo sofre, o meu raciocínio é enganoso, o meu propósito nebuloso. Nasci mal, e pouco me resta do que realmente devia ser. Não venham agora os meus irmãos cristãos corromper o que me resta da noção de beleza.
Um lado da minha família é do campo. De tempos a tempos, a discussão recai sobre a possível primazia entre interior e litoral, ou entre campo em cidade (embora a cidade que eu defenda, por nascimento, seja a Marinha Grande, que não é propriamente o melhor exemplar de cidade). Podem dizer-me que é uma discussão inútil, e até aceito que o possa ser, mas de caminho, penso que saio dela mais edificado.
No campo, há contacto mais estreito com os vizinhos, o que não dou como certo que seja uma vantagem. Uma boa dose de isolamento pode ser tão boa se bem aproveitada. Relembro o filme Dogville, que vimos no EBU; numa pequeníssima aldeia do interior dos EUA, terríveis atrocidades acontecem nos quartos e nos pomares; todos sabem, ninguém faz contra isso. A real grande vantagem do campo é contacto estreito com a Criação. As crianças sabem de onde a comida vem, e vêm coisas a nascer, crescer e morrer, e aprendem um vocabulário que perdura. A natureza apresenta-se muito próxima do propósito que Deus lhes atribuiu na sua relação com o homem.
Na cidade, a Criação apresenta-se transtornada. O nascimento e a morte são omitidos e suavizados, e o conhecimento que importa constrói-se em coisas fugazes, que mal se aguentam uma geração. Ninguém sabe da vida dos vizinhos, mas sabem da vida daqueles que escolhem saber. Coisas boas e más ao mesmo tempo. No entanto, a cidade tem uma vantagem insuperável. Se o campo tem muita natureza, também tem pouca gente. A cidade não tem natureza nenhuma, mas está cheia de gente. São a criação especial de Deus, portadores da Sua imagem, e aos montes. Por isso, por uma unha, ganha a cambada dos convencidos dos superficiais dos da cidade.