Monday, August 24, 2009

Provincianismo moral

Numa daquelas consultas de rua que se fazem nos telejornais, desta vez sobre a naturalização do Liedson, reparei que as pessoas, dos mais velhos aos mais novos, praticamente só usaram argumentos pragmáticos: Liedson deve fazer parte da selecção porque é um bom jogador, ou então porque Portugal não tem avançados de qualidade. As respostas não demonstram grande preocupação em procurar algum tipo de certo ou errado. Simplesmente convém ou não convém.
Quando se fala em pos-modernidade, por vezes pergunto-me se não é só um sinónimo de um afundamento generalizado num provincianismo moral, que chega até ao pessoal jovem e (supostamente) pensante.

Tuesday, August 18, 2009

É algum tipo de belo hino gnóstico?

"One more thing before I go
One more thing I'll ask you Lord
You may need a murderer
Someone to do your dirty work
Don't act so innocent
I've seen you pound your fist into the earth
And I've read your books
It seems that you could use another fool
Well I'm cruel
And I look right through
You must have more important things to do
So if you need a murderer
Someone to do your dirty work"

Friday, August 07, 2009

Uma pequena brincadeira

Em memória dos Encontros Bíblicos Universitários:

What if Vinoth was one of us?

Aqueçam os certinhos

Vou tentar tirar um pouco o pó do coiso. A ver se o coiso rola qualquer coisita, enferrujada e rusticamente, claro.

Valorizamos demasiado a vida, mas não a valorizamos assim tanto. Se houver reféns, faremos tudo para resgatar os cativos, mas não há grande interesse no trajecto que levou até ao assalto. A resolução instantânea cai mais no goto do que uma encarnação contínua da resolução. Aquece mais o sangue, apela ao coração, cria sentimentos bonitos.

Eu que sou um cristão que tem dores quando se fala na intervenção de Deus, e que acredito que Deus intervém na história em geral e na vida das pessoas em particular de duas formas que na verdade serão só uma, tenho dores mais agudas que o sangue cristão se aquece muito mais com o fulgor do momento. E enquanto só houver calor com convertidos abruptos, salvos da droga, do álcool ou da abundância sexual, afirmo que o vosso deus é mais pequeno do que aquele que opera ao longo de vidas inteiras. O testemunho dos certinhos merecia outras temperaturas. E enquanto os certinhos só receberem frio, é bem provável que eles deixem de o ser em breve.

Uma vida que Deus recuperou em SWAT mode é tão importante como uma vida ganha ao longo de uma vida de negociações, desculpem-me a trivialidade.

Friday, June 05, 2009

O fim da caridade

O fim da caridade: Angelina Jolie é a mais poderosa. Pois sendo assim, eu não ajudo.

Monday, May 25, 2009

Diferentes modelo de virtude

Quem é que já leu a página da wikipédia sobre Damião de Góis? Eu só li a versão em inglês e a versão em português. Creio que a página em inglês não terá sido escrita por um português.
Na página em português, é o trabalho histórico de Damião que desagrada às famílias nobres, e como tal, é processado pela Inquisição.
Na página em inglês, os problemas com a Inquisição começam quando publica um livro chamado Fides, religio, moresque Aethiopum, e é acusado Luteranismo pelos Jesuítas.

Os portugueses somos parvos e insignificantes, azelhas, vaidosos, mas cozinhamos bem.

Monday, May 18, 2009

Bençãos de finalistas

Fica o desabafo. Em dia de benção de finalistas, vai tudo à missa. Fica tudo crente. Não haverá nem um mártir pelo humanismo que falte aos salpicos bentos do senhor padre?
Desgraça pior, há pouco ou nenhum evangelho. Um humanista sente-se em casa. A malta católica é hospitaleira (não é nada!) e compreensiva.

Tuesday, March 17, 2009

That's when shit hits the fan

“Seus próprios filhos podem devem ser transformados mediante suas orações. Ore durante o dia com a participação deles; ore por eles à noite enquanto dormem. Um bom método é entrar no quarto e colocar levemente as mãos sobre a criança adormecida. Imagine a luz de Cristo fluindo através de suas mãos e curando cada trauma emocional e mágoa que seu filho sofreu nesse dia. Encha-o da paz e da alegria do Senhor. No sono, a criança é muito receptiva à oração, visto que a mente consciente, que tende a levantar barreiras à suave influência de Deus, está descontraída.”

Celebração da Disciplina, Richard Foster, 1978, página 59

Monday, March 16, 2009

The joke that stupid people laught at

Sem ter visto o Religulous, sei de antemão que este vídeo é a minha opinião sobre o dito filme. O que se aplica a George Bush, aplica-se à religião. Os estúpidos que se riem com estas coisas costumam ser os mesmos.

Conhecido pela sua astuta capacidade analítica e pelo seu empenho em não ser agressivo para ninguém, Maher aplica a sua característica honestidade e espírito irreverente às questões da Fé, fazendo o espectador entrar numa divertida e provocatória viagem espiritual.

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Sunday, March 01, 2009

Falar de música cristã

A coisa começa a afigurar-se-me de uma forma extremamente simples. Eu sou um homem, humano, e sou cristão. Acredito na Queda. O meu ser encontra-se corrompido. O meu corpo sofre, o meu raciocínio é enganoso, o meu propósito nebuloso. Nasci mal, e pouco me resta do que realmente devia ser. Não venham agora os meus irmãos cristãos corromper o que me resta da noção de beleza.

Monday, February 02, 2009

Campo vs. Cidade

Um lado da minha família é do campo. De tempos a tempos, a discussão recai sobre a possível primazia entre interior e litoral, ou entre campo em cidade (embora a cidade que eu defenda, por nascimento, seja a Marinha Grande, que não é propriamente o melhor exemplar de cidade). Podem dizer-me que é uma discussão inútil, e até aceito que o possa ser, mas de caminho, penso que saio dela mais edificado.

No campo, há contacto mais estreito com os vizinhos, o que não dou como certo que seja uma vantagem. Uma boa dose de isolamento pode ser tão boa se bem aproveitada. Relembro o filme Dogville, que vimos no EBU; numa pequeníssima aldeia do interior dos EUA, terríveis atrocidades acontecem nos quartos e nos pomares; todos sabem, ninguém faz contra isso. A real grande vantagem do campo é contacto estreito com a Criação. As crianças sabem de onde a comida vem, e vêm coisas a nascer, crescer e morrer, e aprendem um vocabulário que perdura. A natureza apresenta-se muito próxima do propósito que Deus lhes atribuiu na sua relação com o homem.

Na cidade, a Criação apresenta-se transtornada. O nascimento e a morte são omitidos e suavizados, e o conhecimento que importa constrói-se em coisas fugazes, que mal se aguentam uma geração. Ninguém sabe da vida dos vizinhos, mas sabem da vida daqueles que escolhem saber. Coisas boas e más ao mesmo tempo. No entanto, a cidade tem uma vantagem insuperável. Se o campo tem muita natureza, também tem pouca gente. A cidade não tem natureza nenhuma, mas está cheia de gente. São a criação especial de Deus, portadores da Sua imagem, e aos montes. Por isso, por uma unha, ganha a cambada dos convencidos dos superficiais dos da cidade.

Friday, January 09, 2009

Confusão

Friday, January 02, 2009

Nós citamos

O blog de que falei no post anterior está a funcionar bem. Tem-se mantido regular e assim. E com a participação do John Pallister, ganha sem dúvida alguns contornos de pertinência. Vejam este post sobre o debate cristão, com vista ao estardalhaço blogsoférico (digo eu).

Wednesday, December 17, 2008

Eu cito

Acho que se pode finalmente dizer que este blog já prossegue a velocidade de cruzeiro. Espera-se e idealiza-se que se aguente por mais uns quatro a cinco meses.

Saturday, December 13, 2008

Sara Tavares aplicada

Sei que posso clicar tudo, mas nem todo o link me convem.

Friday, December 12, 2008

É plágio! - 7


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Tuesday, November 25, 2008

Fé, esperança e amor revisitados

"Lembrando-nos sem cessar da obra da vossa fé, do trabalho do amor, e da paciência da esperança em nosso Senhor Jesus Cristo, diante de nosso Deus e Pai", I Tessalonicenses 1:3

Não dá para grandes espiritualizações. À fé, esperança e amor corresponde obra, trabalho e paciência.

Monday, November 24, 2008

O justo castigo

Richard Dawkins e Dan Brown, os dois sozinhos de castigo numa ilha deserta. Que é para aprenderam a não chatearem tanto com selecções naturais e sagrados femininos.

Saturday, November 22, 2008

As perguntas

A esta notícia.

A pergunta hermenêutica: Qual é este "Portugal" que disponibiliza postos de abastecimento?
A pergunta de cidadão: Onde é que vão instalar esses postos de abastecimento?
A pergunta de engenheiro: para onde é que vão as baterias?
A pergunta de consumidor: só cinco anos de duração?!

Monday, November 17, 2008

Sem qualquer alfinetada

“Monsieur Laplace, they tell me that you have written this large book on the system of the universe, and have never mentioned its Creator”. To this Laplace replied bluntly, “I had no need for that hypothesis.”

Da primeira vez que li este episódio, fiquei com aquela sensação que leva a sorrir. Aquela sensação de assistir a um excelente golpe de retórica, do tipo facto envenenado. Que inteligência generosa! Reduzir Deus a uma hipótese, a um dado de input, mas mostrar que até nessa categoria, a ideia da existência de Deus é desnecessária, ridicularizando que sequer considere essa “hipótese”.

Há pouco tempo tive hipótese de perceber um nadinha melhor o que foi ao certo a escrita deste tal livro de Laplace. Deu para perceber que esta resposta brilhante foi afinal também inevitável, sem grandes considerações sobre quem o ouvia. Já não lhe consigo achar grande retórica. Era um livro no qual Laplace explicava o movimento de quase tudo o que mexia, recorrendo à mecânica clássica de Newton. De facto, ele não precisava de Deus para explicar o movimento dos planetas ou a mudança das marés. Não havia qualquer alfinetada.

Não sei se a retórica foi sempre a mesma, mas aquela a que assisto parece baseada neste episódio. É aquela que com meia dúzia de palavras atribui ao retórico uma vida inteira de credibilidade. Com uma generosidade imensa de palavras confiantes, persuadimos ou público a confiar em nós. Não predomina o argumento falacioso, apenas o crédito. No debate das ideias, ganha quem mostrar ter menos roupa suja.