Wednesday, February 08, 2006

Comunicado

A intenção inicial de postar apenas aos fins de semana revelou-se fracassada e extremamente pouco prática. Por isso, os posts passam a ter autorização para aparecer a qualquer dia.

Saturday, February 04, 2006

Perceber que tudo se resume à nutrição durante a infância

A comparação do cartoonista que protegeu o nariz do Papa é a mais feliz de todas. Ele achou, que com os números da propagação da SIDA, era um crime condenar os contraceptivos. E então decidiu enfiar o barrete ao papa, da forma menos decorosa.
Eu acho que os europeus são melhores que os americanos, e mesmo que o resto do mundo em geral, mas não quer dizer que não ache que a velhice do meu continente acarrete alguma senectude *. Coisa de ancião: não é boa mas entende-se.

Isto é assim. Um europeu tem uma prioridade: praticar Sexo. Mas para mal dos seus pecados (reparem na dimensão que esta expressão toma, mas eu não acredito nela), há um sector dos europeus praticantes de Sexo que levam com desinformação do mais velhos desde a sua mais pequena pequenez (há quem diga que é dos interesses económicos), e que não praticam Sexo como deve ser. Sem segurança, com pouca higiene, com substâncias à mistura, dão mau nome à actividade. Há que encamisar o sector! O clero – obviamente pouco esclarecido, pensarão os europeus praticantes de Sexo – condenou a medida porque tem uma forma diferente de medir o problema. Tem prioridades diferentes. O cartoonista, que não se conformou com a posição ingénua do clero – condenar o preservativo quando se conhecem os números actuais da SIDA é um crime – e decidiu fazer um desenho do líder espiritual deles, que não fazia grande argumentação, nem dava que pensar, mas diminuía o adversário da higiene pelo latéx. O Papa, que deve saber que a posição da Igreja não é solução mais rápida para o problema, não levantou grandes ondas.

Então, ensaiemos isto para a versão corrente.
Um muçulmano tem uma prioridade: a fé no Islão. Mas para mal dos seus pecados (de novo a expressão ganha uma dimensão em que eu não acredito), há um sector de crentes do Islão que levam com desinformação dos mais velhos desde a sua mais pequena pequenez (há quem diga que é dos interesses económicos), e que não seguem o Islão como deve ser. Torneiam os ensinamentos originais, descambam para a violência, dão mau nome à sua fé. Os europeus praticantes de Sexo – obviamente pouco esclarecido, pensarão os seguidores do Islão – condenam o Islão, porque têm uma maneira diferente de medir os problemas. Têm prioridades diferentes. Para cumprir este efeito, fizeram um desenho do líder espiritual dos seguidores do Islão, que não faz grande argumentação nem dá que pensar. Contando os números do terrorismo, sou eu que considero isto um crime. Já me perdi na construção da analogia.

O que eu quero dizer, é que lá o cartoonista Dinamarquês não deve ter comido no focinho o suficiente quando era pequeno (ou então encheu a barriga; este tema tem a haver com extremos, com extremistas). Vindo dos colegas de escola, claro! Ninguém é corajoso se não tiver provado primeiro a consequência da sua coragem. Se o artista Dinamarquês se achou irreverente por ter gozado com a fé dos selvagens do oriente, é um infante. Se ele estava disposto a ser linchado pelo esquisso da discórdia, enaltecido seja de entre os homens, que até eu passava logo por uma crise de fé perante tanto altruísmo junto. Se ele não tinha consciência das ondas que isto podia levantar, é inconsciente demais para fazer qualquer crítica política que seja. Ele não deve pagar pelo que fez. Um inimputável não pode ser julgado como as outras pessoas. Bem pelo contrário, ele deve ser tratado com carinho e paciência. Não vale a pena aumentar-lhe a revolta. A Educação Europeia o dita.

É importante concluir que por não andarmos todos à porrada, isso não implica que tenhamos aprendido a lição do civismo. Eu que o diga. Se ouço alguém a contar convicto alguma piada sobre Jesus, apetece-me desfazer-lhe a cara como o Hartigan fez ao Yellow Bastard. Nunca o fiz. A reacção latente é tão intensa porque para mim, há um palerma que fala sem saber. O cartoonista em questão é um palerma que desenha sem saber, sobre pessoas que o irritam porque não o percebem. É cepa dificíl de endireitar.

(Os credos mencionados neste post são todos iniciados com letra maiúscula. Dou o exemplo.)

*encontrei esta palavra no dicionário; achei que ficava melhor do que “senilidade”