Thursday, July 31, 2008

Highlights do documentário de ontem

Ontem deu um documentário na Dois que acompanhei até ao fim. Era sobre o estudo do stress, baseado numa tribo de orangotangos. Metia o dedo na ferida quando chegava à conclusão que o factor mais influente no stress era o estatuto hierárquico – indivíduos de posição mais baixa sofrem mais com o stress.
A dada altura, chega a descrição de um ponto de inflexão no grupo de orangotangos. Inicialmente, as macacadas daquele grupo eram as típicas, ou seja, maltratarem-se na maior parte do tempo, e catarem-se numa parte menor do tempo. No entanto, a dada altura, houve uma mortandade que levou a maior parte dos indivíduos de estatuto superior. A partir daí, as macacadas pacificaram: mais tempo a catarem-se e menos tempo à porrada. Com esta mudança, os sintomas de stress diminuíram (ritmo cardíaco, níveis de adrenalina, etc.). Muito fixe.
Depois, veio a parte que não podia faltar, ou seja, aquela lição de humildade com a obrigação de aprendermos com os animais. Claro que aprenderíamos com o bom exemplo, que se mudarmos os nossos comportamentos, todos vamos sofrer menos com o stress. Nunca lhes passou com a cabeça que o que provocou a mudança foi a morte de uns quanto mais tiranos. Queria ouvir o locutor a dizer que temos de “afastar” as hierarquias superiores. E depois, há o pormenor da competição. Quanto tempo levaria uma empresa, ou um país, preocupado pelo stress a ser erradicado do mapa? Aposto que bem menos do que tendo uma razoável quantidade de stress a acicatar o andamento.

Monday, July 28, 2008

Continuarei benfiquista - 1

Ando com vontade de me insurgir contra os vencedores. Quer-me parecer que esta moda de idolatrar que é bem sucedido não é uma das constantes da vida. É só uma moda, como os penteados e as sapatilhas. Como tal começo por dizer que o critério do vencedor é uma forma de mediocridade. Contrapondo com a pessoa que quer ser boa no que faz, a pessoa vencedora apenas quer ganhar. Não tem de ser boa para o fazer. Ou seja, a vitória pode ser uma motivação para o aperfeiçoamento. Já se o aperfeiçoamento está ao serviço da vitória, troca-se a ordem natural das coisas.

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Friday, July 25, 2008

O bom fixe

Na apresentação de um colega, o júri crítica: há frases que começam com “E”. E isso era incorrecto, excepto para alguns autores mais renomeados. É nestas coisas que se me sobe um certo esquerdismo mais ideológico do que político. No entanto, não vou dizer que seja injusto que este “capital” só seja acessível aos escritores conhecidos; eles não o foram sempre.

Como a culpa é dos eleitores e não dos políticos, também a culpa não será dos autores mas sim dos leitores. Expliquem-me, é realista dizer que existe “boa escrita” e “bons escritores? Ou isto é só apetites da audiência, incompetentemente nomeados? Não fará mais sentido falar em “escritores fixes” e ponto final?

Wednesday, July 02, 2008

Bom ou mau?

Desde que a net apareceu com largura de banda suficiente para ver vídeos do Youtube às carradas, sacar músicas e filmes a torto e a direito, ou mover imagens como se não houvesse amanhã, deixou de usar-se certos recantos da memória e da expressão oral. É uma forma de dizer que já ninguém me conta uma anedota há anos. Nem de alentejanos, nem de pretos, nem do Hitler, loiras (que atingiram o pico nos primórdios da internet), ou muito menos a do português do inglês e do francês. Perdeu-se também a habilidade para contar do que se viu, agora manda-se o link pelo messenger. Estou fadado à ingratidão.