Thursday, September 06, 2007

Da Leitura do Mero Cristianismo - Post 2

A síntese está boa. Quem não leu o livro consegue ficar inteirado do que para lá se diz.
Apenas deixo um bichinho para a pergunta que fizeste sobre a “Lei Moral” poder ser totalmente compreendida. Acho que mais relevante do saber se ela poder ser compreendida, é se ela pode ser cumprida. Porque, não sendo essa lei um documento escrito, estamos sempre a apelar para os “direitos” que ela garanta (direito de não me mentirem, de não me baterem, de não me insultarem, de não me deixarem especado à espera). Lá bem no fundo, para cada situação, nós até sabemos o que a “Lei” ordena (e acho que este discernimento se vai perdendo com a idade). No entanto, “ela” não é cumprida. Mas não me quero antecipar à narrativa.

Quanto à questão das bruxas, se realmente acreditássemos nelas, de certeza que sentiríamos a necessidade de as queimar. Assim como se castram pedófilos e violadores, e matam-se assassinos, para, entre outras coisas, não terem a menor hipótese de voltar a repetir os seus crimes… (tomar fôlego)… se acreditasses em bruxas, também acreditarias que a única forma de te proteger - a ti e à tua família - dos seus bruxedos seria atear-lhe fogo. Ajudas, só se fosse um "exorcismozito".

Mas nós vivemos em Portugal, onde não há pena de morte, e acho foi em termos de pena de morte que levantaste esta questão; se há ou não um crime que justifique a pena de morte? Bem, nesse caso, socorro-me no Pedro Leal, que pensa e escreve muitas vezes sobre isto. Será que a vida tem realmente valor incalculável se a pena para quem a tira não é a morte? Pessoalmente, eu acho que não. Morte com morte se pagaria, olho por olho, dente por dente (acho que se chama a isto a Lei do Talião). Contudo, enquanto cidadão, sei que os tribunais enganam-se e podem ser manipulados, e enquanto cristão, não me parece que o Homem tenha autoridade para tirar a vida a alguém após uma decisão de um tribunal Humano.
Por isso sou contra a pena de morte.

Ah: ainda sobre as bruxas, aí o resumo fica a perder, já que esse exemplo servia mais para desmascarar possíveis piedosos, que se sintam muito humanos e evoluídos (os chamados “prá frentéx”) por já não condenar bruxas à morte quando, se sentissem uma ameaça de intensidade idêntica, teriam uma reacção com certeza muito mais sádica do que apenas acender o lume. Ou seja, o que quero dizer é que não foi devidamente acompanhado pelo contexto. Reparaste no comentário que se lhe seguiu? Referências temporais e de menosprezo em menos de nada.

Boas leituras

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