Wednesday, March 05, 2008

Desisti de desancar o Dawkins

Há qualquer coisa que me cheira mal nisto de haverem ateus americanos a queixarem-se do sufoco da religião, principalmente dos evangélicos. Bem sei que em princípio que é desinformação minha, mas ainda assim…

Não raras vezes identifico-me com as queixas dos ateus americanos. Mais de metade das queixas triunfantes do Dawkins (inglês, eu sei), já eu ou qualquer filho de cristão evangélico sério as faz desde os 14 anos como sendo algo perfeitamente normal (por exemplo, ter isto bem claro, que não existem crianças religiosas, mas tão somente filhos de pais religiosos).

Contudo, acho que as minhas queixas são mais fundamentadas, e não uma mania da perseguição. A verdade é que acho que em toda a minha vida nunca vi um único filme ou série americana que fosse, que de alguma forma se identificasse com a doutrina cristã evangélica. Mas já vi uns quantos que mordiam os calcanhares aos religiosos e a Deus. Também já vi uma série deles que mantinham uma posição de conforto, ou até mesmo responsável: deixavam no ar a hipótese de Deus existir, mas sem tocar na hipótese de Deus mandar (aos crentes importa crer, aos ateus, importa que a crença dos outros não os incomode). E claro, há aqueles que com uma estética religiosa, conseguem passar totalmente ao lado de Deus – geralmente, as pessoas conseguem derrotar o Mal com tiros, explosões e um golpe de astúcia. Há também a dizer que nos casos em que Deus é atacado, é sempre numa atitude de bater no ceguinho, pegando em todos os restos do pior que as religiões cristãs têm a oferecer, principalmente vindos do catolicismo. A única coisa que se safa é os Simpsons.

(Há uns anos atrás, também falaria da música, mas descobertas recentes sossegaram-me)

Quero com isto dizer que a religião pode oprimir quantos americanos bem entenderem, mas os media, pelo menos aqueles que valem a pena, nunca tomaram partido pela religião, ou então atacaram-na.

Isto faz toda a diferença. Cá eu nunca tive na televisão um único escape, um motivo de sonho, enquanto que um ateu pode ter n heróis que de propósito ou sem querer, desconsideraram Deus. Todos matam, têm muitas namoradas, fazem tudo sozinhos, não olham a meios para atingir fins.
E perceber o impacto de ter um herói televisivo é tão simples quanto pensar num miúdo que é expulso da aula. Pode ser mal visto pela professora, os pais, treinador, e até alguns amigos, mas sabe que pode contar com a bênção do Eminem ou do Fred Durst (no meu tempo), e isso é que importa. Nenhum pequeno pensa em pequeno.

O que é duro para uma criança não é a educação religiosa. É mentalmente bem mais esquartejante não poder conciliá-la com os heróis da televisão.

Ah: por favor detectem-me os erros.

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